We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Triste Entr​ó​pico

by Makely

/
  • Streaming + Download

    Includes unlimited streaming via the free Bandcamp app, plus high-quality download in MP3, FLAC and more.
    Purchasable with gift card

      $5 USD  or more

     

1.
Vento Vivo (free) 03:45
Vento que respira um vendaval Quando vem revira esse ar viral Revolta desafia todo o arsenal Nunca erra a mira, nem pede aval Vento que assovia o canavial Tanto faz o bem quanto impele o mal Sopra o Minuano, brisa o Mistral Ventania viva, voraz, vestal O sol envia o vento solar Um halo no céu Que nunca nos falte o ar Ruah ou pneuma Ele é quem faz revoar os cabelos Remove montanhas de areia e segredo Lento esculpe na pedra modelos Varre distâncias, lembranças e medos O hálito de Olorum Senhor do infinito Anelos de Amun O sempre oculto
2.
Eu Acho é Pouco (free) 02:06
Sou árabe caboclo Minha avó pega no laço Contra o pacto caduco Do agro gorando espaço Agora eu quero dar o troco Sou jagunço no cangaço Sete a um eu acho é pouco Eu dou nó com fio de aço Eu vim cantar um coco Na cabeça do compasso Contratempo arranca toco Eu faço caldo do bagaço Se eu entro nesse jogo Meto o pé e enfio o braço Que eu nunca neguei fogo Mesmo quando era cabaço Casco duro, carne de pescoço Esconjuro nesga de remorso Desse fruto eu chupo até o caroço Lambendo o beiço Mas não chuto o pau, cachorro morto Como um curdo, tetro absorto Entro em surto, estou vivo e luto Faço o que eu posso Fundo falso esse poço Nada é fácil a vida é susto O tutano desse osso Sugo hábil, mucho gusto
3.
Suburbiando 03:00
De Irajá andava a pé até o Grajaú Quando eu vendia sacolé no tempo do sinal Depois cresci, sabe como é, retiro em Bangu Fui transferido pra Magé, de lá para Natal Pintou um trampo de pedreiro em praia de Pium Do Alecrim à Mãe Luiza, banho de canal (Quando não ia de buzum) Ano virou, outro janeiro, fui pra Aracaju Viver de catar caranguejo-uçá no manguezal Mudou maré, peguei com fé e fui no rumo sul Pra ver qualé do chamamé, tomar um chimarrão Fui segurança em cabaré no bairro Bom Jesus Num tiroteio eu fui parar na Serra do Curral (Graças a Deus eu fui salvo pelo SUS) Fui trocador de lotação no Alto Vera Cruz Do Taquaril ao Céu Azul fazia no pedal E fui porteiro de hotel na rua Guaicurus Quando juntei um pé-de-meia: outra capital Carregador no Ver-o-Peso, fardo de jambu Na procissão de Nazaré eu tava seminu (Levando o Círio no cordão) Subi o rio e fui tentar a sorte em Manaus Eu frequentei babassuê no Tarumã-Açu Ventilador da Zona Franca a 25 paus Me converti, neguei Jesus na região central Em Taguatinga, eu transformava gris em acajus Era barbeiro auxiliar da Guarda Nacional (Continuava carregando a minha cruz) Em Cuiabá eu ajojei no bairro do Baú E fui garçom de self-service no Tijucal Mas derrubaram meu barraco feito em muxirum Fui fazer bico na pipoca em pleno carnaval Vendendo mungunzá finquei raiz no Curuzu E foi um pai de santo que encontrei no Candeal (Quem me falou que eu era filho de Exú)
4.
Regresso ao agreste Esse reverso de floresta E do pouco que ainda resta Esse progresso ao revés Regresso ao agreste Do eucalipto ao cipreste A transgênica semente A hidrelétrica da vez E hoje a meta-resposta é talvez Um deserto, essa réstia de través Hoje tudo que pasta é a rês E um trator que arrasta tudo ao rés Nessa terra de xerife Onde tudo se decide Na base do cassetete Não duvide O sujeito te agride Um sozinho contra sete Você pensa no revide E arremete DDT e neocide Com a mão santa quem compete Com o imposto que incide Quem resiste Qual o custo desse bife Qual o lucro dessa thread Isso tudo é muito triste Só regride Regresso ao agreste Seguindo por essa reta Onde aponta uma seta Leio a placa em português Regresso ao agreste Onde a commodity reveste Todo lucro que se investe Do que vende-se ao chinês
5.
Chachá 03:51
Nasceu na seca do sertão Se o sol lhe queima a pele arde A mãe morreu de inanição Cresceu na beira das cidades A vida a fio de facão Foi educado por abades Nos olhos brilho e ambição No peito todas as vontades Atravessou o mar na baixa da maré No Daomé virou Chachá Em Ajudá tornou-se amigo de Gakpé Foi protetor dos Agudás virou cativo em Abomé No Dangbé vodum de Ouidah Iorubá preso em corrente pelo pé Trazia a raiva de um cão Não tinha dó nem piedade E pelas suas próprias mãos Muitos perderam a liberdade
6.
Ex-extintos 03:57
Onde estão os Malali e os Monoxó Para onde os Tupinikin e Baeña Onde estão os Maconi e Cutaxó Retornaram os Puri. Mas e os Aranã? Onde estaremos nós amanhã? Cadê Tupinambá, Cumanoxó Sumiram Giporok, os Pañame Mas restaram Maxakali e Pataxó Revoltaram os Botocudo e os Poté Krenak e Xakriabá também estão de pé Alvejaram Pojixá e Krekmun Extinguiram os Aimoré e os Guerén Os Nakneknuk clackbum Dos Caeté não sobrou nenhum Agora eu pergunto: advinha quem?
7.
Comprar farinha, pimenta e fumo Chupar caju, cajá, mangaba e murici Se tomar cana não perder o rumo Comer andú, quiabo, couve com pequi Me declarar pra pessoa que eu amo Com rapadura, doce e mel de jataí Se te encontrar vamos juntar os panos Na feira de Araçuaí Não é Caruaru e nem é Acari É a feira de Araçuaí Não é Caruaru e nem é Acari E passa mês e vão passando os anos Me lembro vez em quando eu nunca me esqueci A cantoria vinda dos ciganos Corre em minha veia desde que eu ouvi Levar presentes para os meus manos E três metros de chita pra você vestir Vou ler a mão, saber o meu arcano Na Feira de Araçuaí Não é Caruaru e não é Acari É a feira de Araçuaí Não é Caruaru e nem é Acari Chá de semente de São Caetano Pau-santo, jatobá, pitanga e bacuri Curar ferida e dor, eu não me acamo Maracujá, velame, funcho e pacari Pé de picão quero levar um ramo E um litro e meio de óleo desse xiriri Quiser me dar também eu não reclamo Na feira de Araçuaí Não é Caruaru e não é Acari É a feira de Araçuaí Não é Caruaru e nem é Acari Uns de uniforme, outros paisano Enquanto tantos vem à pé colhendo o jiquiri Uns são jagunços, outros catrumanos E vêm trazendo peixe pego no jequi Vem de Nanuque e até de Desengano Vem de Janaúba e de Jequitaí E quem não veio tá fazendo planos Pra vir pra feira de Araçuaí Não é Caruaru e não é Acari É a feira de Araçuaí Não é Caruaru e nem é Acari É a feira de Araçuaí, a feira de Araçuaí Não é Mangaio, não é São Cristóvão Não é a Feira Hippie nem a do Açaí Roer caroço de barú, coco babaçu, carnaúba e buriti Na feira de Araçuaí
8.
Triste entropia resignificante É o que restou do indeterminado Ébrio de parati vejo tudo ao quadrado Ego de Prometeu-Grivo lusofalante Triste entropia resignificante Atire a pedra contra o Guesa Errante Que nessa guerra grita amordaçado Vou me contaminando desse estado Do agronegócio e tanto fertilizante Triste entropia resignificante
9.
Eu derrubo seu marco gigantesco Com um martelo forjado em Urano Tem metal de cometa amalgamado E planetas extintos a milanos Antes mesmo de tê-lo derrubado Ele treme e se abala com meus planos A marreta acoplada ao meu braço É de liga de aço unobtanium Ela é interligada à minha mente E responde ao comando dos neurônios O meu golpe só tem um resultado Rompe pedra e concreto com titânio Quando invisto diante do oponente Tudo fica silente e sem lugar Tempestades se alastram no meu rastro O meu hálito chove e forma o mar Com a acidez de dióxido e metano Que corrói rocha e faz o chão rachar Minha nave pousada na cratera Faz da sonda da Nasa um brinquedo Carruagem de Arjuna no deserto A quadriga de Apolo, sol dos gregos Ela é toda equipada e reluzente Quem a vê admira e sente medo Vou fazer a contagem regressiva E dar tempo de fuga enquanto soa Minha voz que é ouvida em suas luas E meu grito de guerra quando ecoa Causa erupção no Monte Olimpo Eu sou o apocalipse em pessoa Derrubei as muralhas de granito Que cercavam Rabá e Jericó Acabei com as fronteiras dos países Fiz da Terra um lugar muito melhor Mas em Marte eu dei logo o veredito E depois só restou poeira e pó
10.
Ajayô 03:10
Ajayô Opaxorô Ajayô Èpa Baba Ajayô Elegbo Ajayô Obatalá Ajayô Babalaô Ajayô Metá Metá Ajayô Orogbô Ajayô Iyá yabá Ajayô Deyi dagô Ajayô Epô-pupa Ajayô Caô caô Ajayô Ídi idá Ajayô Omolocô Ajayô Tutu-babá Ajayô Igbá Oxalá Melekê Mutalambô Ogum delê Agô Xangô Cabecilê Oxumaré Dan Oluô Erê, erê Ago Okô Mina-jeje
11.
Dasanuvio 03:16
Era um homem vazio Sem direção Era sombra e martírio Só solidão Coração calafrio E geladas mãos Um orgulho sem brio Sem certidão Sua voz por um fio Sem diapasão Um olhar já sem brilho Escuro O desanuvio Veio após visão Virou desvario Revelação Mas se ela surgiu Foi uma aparição Era estéril e pariu Regeneração Gestação Breu quando encontra a luz A palavra não diz O que não se traduz Pôde até ser feliz Num momento fugaz Um desenho de giz Essa paz, essa paz Era tudo o que quis Nunca mais, nunca mais Foi assim por um triz
12.
Toma Tento 03:03
Larga esse jogo menino Quê? Vem cá Presta atenção toma tino E é pra já Sossega esse facho malino Pode parar Eu mais aprendo que ensino Vem brincar Apaga esse fogo vem vindo Se alastrar Tem gente batendo até pino Te contar Quem nega ligar pro destino Deixa estar Bambu que enverga eu me inclino Pra não quebrar Vem retrucar a regra Entortar a reta Transversar Refazer a meta Que o planeta arrega E vai cambar
13.
Os Sertões 04:26
No leito do Vaza-barris Feito Raso da Catarina Um riso de abutres tris Prenuncia uma chacina Louvado seja o Bom Jesus Loas ao Marechal Floriano Entre a bomba e o obus Um militar e um paisano Não foi Pérfida Albion Por detrás dos monarquistas Jacobinos e maçons Foram os autonomistas Contra jagunços vietcongs De Juazeiro a Vitória da Conquista Louvado seja o Bom Jesus Vivas ao Marechal Deodoro Entre a bomba e o obus Uma corneta e um chorus Pajeú tal qual Giap Enfrentaram a matadeira Só com pedras e tacapes Carregavam uma bandeira Bacamartes contra Krupps Cantou o embolador de feira João Abade de Tucano Comandante potentado Ex-escravos e ciganos Chegam de Jeremoabo Pra guerra no sertão baiano Belo Monte, Babilônia, Stalingrado Entre Antônio Conselheiro E o coronel Corta-cabeças Há um soldado e um vaqueiro Um sermão e uma sentença Louvado seja o Bom Jesus Loas ao Marechal Deodoro Entre a bomba e o obus Uma corneta e um chorus No leito do Vaza-barris

credits

released March 8, 2023

license

tags

about

Makely Ka Belo Horizonte, Brazil

Makely é cantor, instrumentista, compositor e escritor. Lançou 5 discos, fez trilhas para teatro e dança que receberam prêmios, indicações e elogios de críticos musicais como Tárik de Souza e de músicos como Guinga e José Miguel Wisnik. Suas músicas podem ser ouvidas nas vozes de Lô Borges, Samuel Rosa, Moska, Titane, Tetê Espíndola e Ná Ozzetti, entre dezenas de outros artistas. ... more

contact / help

Contact Makely Ka

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Triste Entrópico, you may also like: