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Rio Aberto

by Makely Ka

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1.
Batistério 03:20
2.
Paracatu 02:31
3.
Urucuia 03:19
4.
Jequitaí 01:41
5.
Paraopeba 04:23
6.
Carinhanha 01:45
7.
Rio do Sono 03:10
8.
Das Velhas 02:36
9.
Verde Grande 02:26
10.
Pardo 01:45
11.
Doce 03:13
12.
Vaza-Barris 02:27
13.

about

“Rio Aberto” é um disco instrumental de violas. Integra a “Trilogia dos Sertões”, iniciada com o álbum “Cavalo Motor” e que deve ser finalizada com o disco “Triste Entrópico”.

Este trabalho surgiu da curiosidade e interesse do artista pela sonoridade e pelas possibilidades da viola de 10 cordas a partir de uma viagem pelo Vale do Urucuia, no Noroeste de Minas, onde aprendeu algumas afinações alternativas como a que chamam “rio abaixo”, muito utilizada pelos violeiros daquela região. Essa afinação, também chamada de “sol aberto”, deu origem ao nome do disco: “Rio Aberto”. Todas as faixas autorais levam nomes de rios, cursos d’água que costuram elementos da geografia, da história e da literatura brasileira, ligando por exemplo, o sertão de Guimarães Rosa aos sertões de Euclides da Cunha, passando ainda pelo universo mítico de Elomar, como também pela tragédia dos rios devastados pela mineração. São músicas experimentais, que dialogam com a tradição popular mas incorporam referências contemporâneas como a microtonalidade, a polirritmia e a pesquisa de timbres.

São doze faixas autorais que levam o nome de cursos d’água mais uma chamada “Encontro das Águas”, de Tavinho Moura. Dez delas remetem a afluentes do São Francisco, outras duas são referências a rios que deságuam direto no mar, Doce, também chamado Watu pelos Krenak e o Vaza-Barris, rio que banha Canudos, no sertão baiano e que frequenta o imaginário popular desde a publicação do livro “Os Sertões” de Euclides da Cunha no início do século passado. Nas palavras do artista: “Eu tento simular o movimento desses rios, os sons de suas corredeiras, quedas d’água, seus poços profundos, remansos, a barra ou foz, onde eles encontram o grande rio, os animais que frequentam suas margens e dependem dele para viver.”

Há algumas relações entre as faixas. O Rio do Sono por exemplo, que banha o vilarejo do Paredão de Minas, local onde aconteceu a batalha épica entre o bando dos Hermógenes e os Ramiro comandados por Riobaldo Tatarana no romance “Grande Sertão: Veredas” de João Guimarães Rosa, deságua no Paracatu. A harmonia de um entra nas águas do outro, alguns movimentos se repetem, o ritmo fluente das corredeiras rápidas do rio de Morfeu se torna mais arrastado quando se encontra com o Paracatu. Um incorpora o outro, mas assume algumas das suas características. A síncope simula o encontro, a força das correntes contrárias medindo forças para afinal confluirem no mesmo fluxo.

Nas músicas Makely toca viola de 10 cordas, também chamada caipira; viola dinâmica, conhecida também como nordestina; craviola, criada pelo músico brasileiro Paulinho Nogueira e produzida em escala industrial pela Giannini a partir dos anos 70.

A viola vem do alaúde árabe, que se popularizou na Península Ibérica a partir da invasão dos mouros. Em algumas localidades de Portugal ainda é possível encontrar a viola de arame, ancestral da viola atual. Vinda nas caravelas, o instrumento de madeira com pares de cordas ganhou nos trópicos outras formas de construção, com madeiras, afinações e maneiras de tocar diferentes. Uma das primeiras violas construídas em série no Brasil foi a de Queluz de Minas, apreciada na corte, inclusive por Dom Pedro I. Ela provavelmente impôs o padrão de corpo delgado e acinturado replicado em todo o país. A longa tradição da viola no Brasil está intimamente relacionada às folias de reis, aos folguedos e brincadeiras da cultura popular. A violinha de bigode que toco foi construída em cedro brasileiro pelo luthier Wagner França, de Jaboticatubas em 2012.

A viola dinâmica tem cinco pares de cordas, a estrutura do corpo é semelhante à de um violão, mas ela possui um ressonador metálico, que projeta o som através de pequenas bocas dispostas no tampo. Foi muito utilizada pelos repentistas e cantadores nas feiras populares em todo o Nordeste brasileiro. A usada no disco é um modelo de sete bocas fabricada pela Del Vecchio em 1975.

A craviola foi desenhada pelo grande violonista e compositor campineiro Paulinho Nogueira. Ele queria aliar a sonoridade do cravo e da viola de dez. Ela foi patenteada pela Giannini que começou a produzi-las em 1970. Jimny Page toca uma dessas no disco III do Led Zeppelin. A usada aqui é um modelo Giannini de 1974.

Nesse trabalho Makely presta tributo a Manoel de Oliveira, Renato Andrade, Tavinho Moura, Almir Sater, Heraldo do Monte, Paulo Freire e Ivan Vilela, que são suas principais referências no universo da viola. A regravação da música “Encontro das Águas”, música do Tavinho que o artista conheceu através do Almir, ganha aqui um sentido ampliado, tornando-se a confluência de todas essas águas num grande rio aberto a todas as influências.

Num momento em que estamos na iminência de uma nova crise hídrica, com os aquíferos e mananciais ameaçados por mineradoras e empreendimentos imobiliários, o trabalho ganha também um caráter de alerta e de denúncia pela necessidade de preservação das nossas bacias.

Rio Aberto é o quinto álbum de carreira de Makely, o sétimo se considerar os álbuns em colaboração com outros artistas.

credits

released February 10, 2022

Viola caipira, viola dinâmica e craviola: Makely Ka
Violoncelo: Felipe José
Violão: Gustavo Souza
Contrabaixo Acústico: Rodrigo Quintela
Contrabaixo Semi-Acústico: Paulim Sartori
Arranjo de Cordas: Avelar Jr.

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about

Makely Ka Belo Horizonte, Brazil

Makely é cantor, instrumentista, compositor e escritor. Lançou 5 discos, fez trilhas para teatro e dança que receberam prêmios, indicações e elogios de críticos musicais como Tárik de Souza e de músicos como Guinga e José Miguel Wisnik. Suas músicas podem ser ouvidas nas vozes de Lô Borges, Samuel Rosa, Moska, Titane, Tetê Espíndola e Ná Ozzetti, entre dezenas de outros artistas. ... more

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